O
que um casal cristão deve ou não fazer
Dúvidas
sobre sexo
Faça
sol ou faça chuva, no frio ou no calor, com cansaço ou relaxado, não importa. O
apetite sexual do brasileiro não encontra barreiras para se satisfazer. As
pesquisas sinalizam, a mídia incrementa, os produtos estimulam. E o casal que
busca viver dentro de princípios cristãos, com fidelidade conjugal e ética
moral nem sempre consegue administrar desejos e possibilidades. Afinal, a
própria Bíblia está cheia de orientações sobre comportamento afetivo e sexual
entre casais. O apóstolo Paulo enfatizou que homem e mulher devem sempre manter
um acordo sobre suas relações sexuais a fim de evitar tentações (1 Cor 7:5).
Diante de tantas pressões, o escritor do maior número de cartas do Novo
Testamento sintetizou muito bem: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas
me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
elas” (1 Cor 6:12). Assim sendo, o que seria lícito ou não para um casal
cristão nos momentos de intimidade?
Existe
alguma recomendação específica sobre regras e práticas do que deve ocorrer
entre marido e mulher dentro de quatro paredes? O que mais tem afligido os
casais na hora da relação sexual? E por mais que o homem ou mulher brasileiros
se mostrem despojados de pudores ou questionamentos, sempre há aqueles que
querem esclarecer e discutir suas opiniões. Casais crentes, sejam mais
liberados ou não quanto à sua performance com o parceiro, também necessitam de
mais esclarecimento. Com o índice de separações cada vez maior em famílias
evangélicas, não se pode desconsiderar que, muitas vezes, problemas no sexo são
o estopim para um divórcio.
A
frequência do ato sexual é uma dessas questões sempre debatidas. Alguns
reclamam de excesso, outros de falta de sexo no casamento. Saber reconhecer o
limite do cônjuge na hora de determinar a frequência nas relações sexuais é
fundamental. É claro que a atração e vontade de fazer amor com a pessoa amada é
saudável, desde que o desejo de um não se torne o tormento do outro. Mas como
saber se o número de relações de um casal está além da conta? De acordo com
especialistas, essa resposta é variável e deve ser dada pelo próprio casal. O
excesso ocorre quando a freqüência ultrapassa uma média dentro do casamento,
isto é, a quantidade de vezes com a qual os dois estavam acostumados começa a
aumentar, ou quando supera a vontade do outro.
O
médico Ademir Pacelli Ferreira, professor do Instituto de Psicologia da Uerj,
explica que a expressão “excesso de sexo” não é um conceito psicopatológico. “É
um termo que parte de uma norma, aparecendo como queixa de um”, afirmou. Ele
diz que é difícil haver equilíbrio no apetite sexual, pois sempre haverá um
mais estimulado que o outro. É a convivência e o perceber-se um ao outro que
define quem vai ceder e o que vai ceder a fim de que o casal encontre um
caminho comum. Identificar a raiz do comportamento é uma tarefa de marido e
mulher. E se chegar a um acordo for complicado, procurar ajuda externa é a
orientação.
O
recém-casado Pedro Vieira, 25 anos, está sentindo na pele os efeitos do seu
desejo. Casado há apenas oito meses, ele admite que sua esposa de 20 anos tem
se queixado do seu apetite, sinalizado diariamente. “Por mim, eu manteria
relações com minha esposa todos os dias, mas ela reclama”, reconheceu. O
conflito tem algumas razões que já começam a aparecer. A primeira é a formação.
Ela é evangélica de berço, e ele está freqüentando a igreja. Ambos têm,
portanto, valores diferentes. Diante da negativa, ele diz que insiste e, quando
não vê alternativa, vai dormir chateado. “Fico chateado só na hora, mas procuro
entender. Depois passa. Às vezes, minha esposa também fica brava”, emendou.
Apesar do desentendimento, garante que o casamento não foi abalado.
Tradicionalmente,
o maior desejo vem do homem. E, diante da situação, a reação da mulher vai
depender de sua orientação nas diferentes áreas do comportamento: sexualidade e
espiritualidade, por exemplo.
Martha
Gonçalves enfrentou o mesmo desafio da esposa de Pedro Vieira. Ela conta que os
15 anos de casamento não afetaram em quase nada o comportamento do marido, que
a procura a cada dois dias, e, dependendo da semana, o convite pode ser diário.
“Ele teve formação diferente da minha, converteu-se depois. Então, procurei
entendê-lo, assim como ele também procurou me entender. Fiquei um pouco
assustada no início, porque não esperava que fosse tão freqüente, mas vi que
era uma necessidade dele. Como eu tinha saúde, fomos nos moldando”, lembrou
Martha, que afirma que foram poucas as vezes que negou sexo. “Quando isso
acontece, ele entende. Pensava também que, se ele não satisfizesse seu desejo
comigo, poderia procurar fora de casa.” E de acordo com Pacelli Ferreira, há
homens que justificam o adultério pela resistência da mulher.
PERSPECTIVA
FEMININA
Sob
a perspectiva feminina, a médica Esther Ribeiro explica que se a excitação for
natural, não traz qualquer tipo de problema para o corpo da mulher. “Se a
mulher for muito amada, ela não tem limite”, atestou. Para a especialista, que
é ginecologista, terapeuta familiar e pastora, o único período em que a mulher
deve evitar manter relações é o menstrual, quando o sangue é um elemento que
facilita infecções e o colo do útero está muito aberto, possibilitando a subida
de bactérias. Como terapeuta familiar, Esther diz que prejudicial não é o
excesso em si, mas como a mulher (ou o homem) está desfrutando da relação.
“Estamos vivendo em um mundo onde o que importa é o ‘meu’ prazer e não o
‘nosso’ prazer. Os casais não conversam, não namoram. Quando isso acontece, o prazer
é um prazer egoísta, o que gera relacionamento anômalo”, alertou.
Outro
ponto pouco discutido e que poderia ser mais explorado é o “mapa erógeno”.
Muitos casais ainda precisam conhecer e saber desfrutar das zonas erógenas do
seu corpo e do cônjuge para que a sexualidade no casamento seja mais prazerosa.
Para dar e receber prazer, o casal deve explorar este “mapa” existente no corpo
do seu esposo ou de sua esposa. Mas o que é zona erógena? São partes do corpo
especialmente sensíveis às carícias, porque têm muitas terminações nervosas.
Quando a pessoa está receptiva, a estimulação dessas áreas provoca sensações
fortes, que desencadeiam reações sexuais. A pele, em si, é praticamente uma
zona erógena em potencial, mas certas partes do corpo têm reações mais fortes,
como lábios, pescoço, lóbulo da orelha, nuca, peitos, pés, dentre outras.
ZONAS
ERÓGENAS
MULHERES
Frente: orelhas, boca, palmas das mãos, mamilos, barriga, parte interna da coxa, dedos dos pés Ponto especial: clitóris Costas: nuca, bumbum
Frente: orelhas, boca, palmas das mãos, mamilos, barriga, parte interna da coxa, dedos dos pés Ponto especial: clitóris Costas: nuca, bumbum
HOMENS
Frente: olhos, cantos da boca, pescoço, dedos dos pés, mamilos, barriga, virilha, pés, glande (cabeça do pênis) Costas: bumbum
Frente: olhos, cantos da boca, pescoço, dedos dos pés, mamilos, barriga, virilha, pés, glande (cabeça do pênis) Costas: bumbum
FOCO
SENSÍVEL
Os
pontos erógenos mais sensíveis são diferentes para cada pessoa e provocam
reações diversas à estimulação. A melhor forma para descobrir o próprio “mapa
erógeno” e o do cônjuge é a exploração mútua. O modo como as carícias são
feitas também provoca reações diferentes. É justamente a exploração sexual que
o pastor Gilson Bifano orienta aos casais para melhorar a vida sexual. Partindo
da teoria para a prática, ele recomenda um exercício chamado “foco sensível”:
os cônjuges acariciam suavemente todo o corpo um do outro, sem intenção de
penetração. Segundo Bifano, que é fundador do Ministério de Família Oikos, o objetivo
é fazer o outro conhecer a sensibilidade de seu próprio corpo. “Pode usar uma
pena ou pluma ou a mão de maneira suave”, ensinou.
O
pastor alerta para o fato de que os casais, especialmente cristãos, devem
aprender que o ato sexual não se reduz apenas ao binômio pênis–vagina. “Quando
um casal restringe o ato sexual a isso, a relação, com certeza, se empobrece.
Devemosmostrar a maridos e esposas crentes que a sensualidade, quando usada
para atrair o cônjuge, não é pecado e é até recomendável”, ressaltou ele.
A
psicoterapeuta e especialista em sexualidade Carmen Lúcia Otero Janssen diz que
durante o ato sexual as pessoas precisam parar de se preocupar com o desempenho
e priorizar a exploração das sensações dos cinco sentidos (tato, olfato,
audição, visão e paladar). “A pessoa fica muito preocupada em mostrar
habilidade e impressionar o parceiro. Ou seja: ‘Vou arrasar na cama.’ Em vez
disso, deve sentir o toque e doarse mais para o outro e entrar em contato com a
afetividade”, destacou ela, que já escreveu o livro “Massagem sensual para
casais enamorados”. A publicação ensina os casais a usarem a massagem como
veículo para o desenvolvimento da sexualidade amorosa.
Carmem
Lúcia Janssen frisa que hoje a sexualidade está muito banalizada e muito
rápida. “As preliminares são importantes tanto para homens quanto para
mulheres. O ato sexual, para o homem, é muito genitalizado, e ele não percebe
que perde com isso. Ao demorar nas preliminares (zonas erógenas), os parceiros
ganham mais qualidade na vida sexual”, explicou ela, que é pós-graduanda em
Sexualidade Humana pelo Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e
Medicina Psicossomática de São Paulo (Isexp).
O
fato é que quando o casal apresenta problemas na cama, o relacionamento pessoal
também sofre conseqüências. Um exemplo disso é a contabilista L.S.
“Sentia
muita dor na relação sexual e por conta disso passei a evitar o meu marido”,
disse. Assim, o casal
começou a brigar. A solução foi procurar ajuda de um psicólogo cristão. “Durante a terapia, aprendi a importância de me doar, e a psicóloga ensinou que devemos demorar nas preliminares. Melhorou bastante, e reduzimos as nossas brigas”, garantiu. Gilson Bifano afirma ainda que a comunicação – antes, durante e depois da relação sexual – é importante. “Os cônjuges devem perguntar onde o outro gosta e não gosta de ser tocado, o que causa maior e menor prazer.”
começou a brigar. A solução foi procurar ajuda de um psicólogo cristão. “Durante a terapia, aprendi a importância de me doar, e a psicóloga ensinou que devemos demorar nas preliminares. Melhorou bastante, e reduzimos as nossas brigas”, garantiu. Gilson Bifano afirma ainda que a comunicação – antes, durante e depois da relação sexual – é importante. “Os cônjuges devem perguntar onde o outro gosta e não gosta de ser tocado, o que causa maior e menor prazer.”
FETICHE
E
o fetiche? Como pode interferir na vida sexual do casal? Será um desvio, um
comportamento anormal ou até pecaminoso? Fetichismo, na psicanálise, significa
“desvio do interesse sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para
alguma função fisiológica ou para peças do vestuário, adorno” (“Dicionário
Houaiss”).
O
termo começou a ser usado com essa conotação a partir dos estudos de Freud, pois,
originalmente, a palavra vem de “feitiço” e designava um objeto a que se
prestava algum tipo de culto, ou possuidor de poderes mágicos. O psiquiatra
Albert Zeitouni, baseado na
teoria freudiana, esclarece que “a criança, ao perceber que a mãe não possui um pênis, recusa-se a aceitar essa realidade porque acredita que o seu órgão masculino também poderá ser perdido, então cria um substituto para o pênis da mãe, que é o fetiche”. Segundo ele, o fetiche se estabelece como um estímulo sexual durante a infância, e quando o homem torna-se adulto não o abandona em troca da pessoa total, pois o fetichista acredita que precisa daquele objeto ou parte do corpo feminino para conseguir a ereção.
teoria freudiana, esclarece que “a criança, ao perceber que a mãe não possui um pênis, recusa-se a aceitar essa realidade porque acredita que o seu órgão masculino também poderá ser perdido, então cria um substituto para o pênis da mãe, que é o fetiche”. Segundo ele, o fetiche se estabelece como um estímulo sexual durante a infância, e quando o homem torna-se adulto não o abandona em troca da pessoa total, pois o fetichista acredita que precisa daquele objeto ou parte do corpo feminino para conseguir a ereção.
Os
tipos de fetiches mais comuns são os relacionados às partes do corpo da mulher,
como pés, unhas, mãos, além dos objetos femininos, como meias, sapatos de salto
alto, “lingeries”. Na prática sadomasoquista – aquela que envolve a dominação
de um dos parceiros – são utilizadas roupas e objetos de couro, além de
chicotes. A psicóloga Márcia Bittar Nehemy, especialista em Sexualidade,
realiza terapia de apoio e diz que a psicologia considera que todas as pessoas
são fetichistas em algum grau, mas muitos não conseguem obter prazer sexual sem
o seu fetiche.
O
evangelista da Assembléia de Deus João Luiz Paim da Silva, estudioso do
assunto, garante: “O fetiche moderno, que muitos julgam inofensivo, é uma porta
aberta para o diabo”. Como exemplo, cita o fetiche por pés e pergunta: “Como
será se o homem que gosta de pés encontrar e desejar outro pé, que não o da
esposa, pela rua, e começar a segui-lo? Certamente, logo virá o adultério.”
Pastor da Igreja Batista Nacional, Disney Macedo acredita que os fetiches que
não desrespeitam a relação do casal podem fazer parte da vida íntima dos
cristãos. Isso se houver um acordo entre eles, sem, no entanto, incluir o
sadomasoquismo. Nessa perspectiva, o homem tem de ter domínio próprio e, por
isso, pode utilizar um fetiche, mas nunca ser dominado por ele.
Quando
atinge níveis patológicos, causando constrangimentos, o fetiche é visto como um
problema. Outras vezes, pode “apimentar” a relação entre o casal, embora muitos
cristãos considerem qualquer coisa ligada à sexualidade como pecado e não como
algo prazeroso. A sociedade explora cada vez mais o fetichismo, mas o que
acontecerá se as pessoas não amarem mais umas às outras em sua totalidade, pela
sua beleza física, mental, intelectual e caráter, mas, sim, desejando apenas
uma de suas partes ou um de seus objetos de uso pessoal? Esse questionamento é
feito por Maria Andrade, 40 anos, que teve um marido fetichista. “Ele não me
via como mulher. Eu era apenas um pé e, para agradá-lo, acabei ficando
obsessiva em cuidar dessa parte do meu corpo.” Hoje, garante que minimizou
bastante o problema, mas precisou passar por tratamento com um sexólogo.
Muitas
pessoas usam, de fato, a criatividade para “apimentar” a relação a dois, com a
inclusão de carícias, “lingeries” sensuais, mudança de posições, etc. Até mesmo
os casais evangélicos são estimulados, em muitas denominações, a ousarem no
sentido de dar prazer ao parceiro e demonstrar o carinho e o amor que um tem
pelo outro. Assim, marido e mulher são legitimamente motivados a erotizar a
relação, isto é, investir em novidades. Vale um jantar romântico, uma viagem a
dois. Até aqui não há muita polêmica, mas existem algumas práticas que geram
discussão dentro da Igreja, como, por exemplo, o sexo anal: casais evangélicos
podem usufruir dessa alternativa? Como é vista a prática do sexo anal por
alguns pastores, psicólogos e casais evangélicos?
EXEMPLOS
DE FETICHES
No
cinema: “A Insustentável Leveza do Ser”, Philip Kaufman, em que o personagme
pede a suas parceiras que usem um chapéu durante o ato sexual.
Na
literatura: “O livro de cabecira” (1996), de Peter Greenaway, mostra uma modelo
que mantém o hábito de pedir a calígrafos que escrevam livros em seu corpo.
Na
música: Madonna explora o sadomasoquismo, com seus chicotinhos, botas e lençóis
de seda.
CARDÁPIO
DA ARTE SEXUAL
Não
há consenso na resposta, já que especialistas na área de saúde e pastores têm
opiniões divergentes sobre o assunto. Muitos condenam a prática e são
categóricos em afirmar que sexo anal é pecado, principalmente porque a
sociedade está saturada de sexo pervertido, onde o ser humano busca a
satisfação própria e não a do outro. Há psicólogos e médicos que dizem que o
sexo anal é uma alternativa sexual que – se tomados os devidos cuidados de
higiene durante o ato sexual – não traz problemas de saúde. Esse grupo também
ressalta que a decisão de incluir ou não o sexo anal no “cardápio da arte sexual”
do casal deve ser uma decisão de ambos.
O
médico ginecologista e membro da Igreja Batista Sérgio Macedo explicou que o
desejo de praticar o sexo anal tem uma explicação psicológica: essa
manifestação sexual está presente nas relações heterossexuais porque os homens,
buscando uma variação sexual com suas parceiras, fantasiam a penetração anal
como uma grande realização de conquista, sem falar de um certo sentimento de
domínio e poder. As mulheres, em sua maioria, têm na fantasia sexual o desejo
anal mais como uma tentativa de satisfazer os impulsos sexuais do parceiro, agregando a essa experiência a possibilidade de demonstrar
a entrega total, isto é, o quanto estão envolvidas na relação.
Evangélica
há oito anos, a comerciante M.P. diz que sexo anal faz parte da sua rotina
sexual há muito tempo. Ela o considera legítimo porque tal prática é feita com
seu marido. “Não me sinto culpada. Nós dois gostamos e nos sentimos à vontade
para, de vez em quando, inovar a nossa relação sexual”, revelou.
A
inclusão da prática na vida do casal, segundo o médico e pastor da Igreja
Maranata do Rio de Janeiro, Paulo César Brito, mostra que a sociedade está se
corrompendo a cada dia. Para ele, os evangélicos têm na Bíblia um padrão de
ética que tem de ser respeitado. “Não dá para deixar entrar na Igreja esses
conceitos sociais e culturais que vão contra a Palavra”, esclareceu.
De
acordo com Brito, a adoção de sexo anal entre casais evangélicos é pecado
porque vai contra a natureza determinada por Deus: sexo entre um homem e uma
mulher, cujo órgão principal é a vagina. “Esse orifício [o ânus] foi feito para
eliminar fezes. A Bíblia diz que os sodomitas não entrarão no Reino dos Céus. O
que é sodomita? Quem faz sexo anal”, definiu ele, baseando-se no texto de Romanos,
capítulo 1. Ele acha que os casais evangélicos que fazem tal prática revelam
desconhecimento bíblico. “Ou não querem ver a verdade porque não lhes
interessa. Procuram variantes que justificam as suas práticas.”
Para
o médico e pastor da Igreja Maranata do Rio de Janeiro, Paulo César Brito, não
dá para deixar entrar na Igreja esses conceitos sociais e culturais que vão
contra a Palavra
O
pastor Marcelo de Andrade e Silva endossa as palavras do seu colega, mas é mais
comedido em relação ao texto bíblico que proíba literalmente o sexo anal. “Não
temos um texto claro na Bíblia que seja contra a prática de sexo anal entre um
homem e uma mulher. Porém o sexo anal constitui uma violência ao organismo
porque Deus criou cada órgão no corpo humano com uma função. No caso do ânus,
ele foi feito exclusivamente para defecar”, pontuou Andrade e Silva. Para o
pastor, há outras formas de se obter prazer sexual. “O sexo é um manjar deixado
por Deus para que possamos usufruí-lo.”
Para
o casal E. e R., não há problema em seguir a orientação pastoral porque desde o
curso de noivos, dado na Escola Dominical, os dois aprenderam que o sexo anal é
contra a vontade de Deus. “Nunca sentimos qualquer curiosidade ou desejo de
experimentar. Porém, para não cair no tédio, praticamos sem ‘neuras’ o sexo
oral”, disse ela, que está casada há sete anos. Os dois pastores alertam ainda
para o fato de o ânus não ter sido feito para o sexo – a prática pode provocar
fissuras, infecção urinária, além de dor –, pois o órgão não tem lubrificação natural
como a vagina.
O
material contido na ampola retal, que é a última parte do intestino e que
desemboca no ânus, é cheio de bactérias, cuja presença é normal no local, mas
nas vias urinárias pode levar ao aparecimento de lesões e infecções, às vezes,
graves. Além disso, é uma relação mais traumática, provocando freqüentemente
escoriações por onde podem entrar microorganismos, atingindo a corrente
sangüínea e causando diversas doenças.
O
ginecologista Sérgio Macedo afirma que, fisiologicamente, não existe qualquer
contra-indicação para a prática do sexo anal. “No entanto, lembro que não é um
órgão com a mesma elasticidade da vagina. O sexo anal praticado com os cuidados
necessários não causa nenhum dano, nem de alargamento do ânus, nem de perda do
controle do esfíncter (músculo da região anal)”, garantiu ele. Para resolver a
falta de lubrificação, o médico aconselha o uso de géis à base de água
encontrados em qualquer drogaria. Ele diz que a prática do sexo anal requer
alguns cuidados, como o consentimento espontâneo de ambos, a necessidade do
intestino estar limpo, e o homem deve ter o cuidado de urinar após a relação. E
lembra ainda que o sexo anal não pode ser feito antes do vaginal por causa do risco
de transmissão de doenças.
Ele
assegura que a relação anal não pode substituir a vaginal, principalmente
porque a falta de prazer naquele tipo de relação é muito usual. “A maioria das
mulheres não tem orgasmo no sexo anal. O órgão erógeno da mulher é o clitóris”,
ressaltou. Em relação à religião, para Sérgio Macedo, o casal deve ter bastante
discernimento espiritual. “Se não há culpa, e o casal, de vez em quando, achar
que o sexo anal pode ser algo diferente na rotina do dia-a-dia, não vejo
problemas”, ressaltou.
Marcelo
de Andrade e Silva acredita que as mulheres muitas vezes acabam cedendo aos
maridos por medo de que estes busquem experiências extraconjugais.
“A
mulher deve ser veemente nos seus princípios. A fidelidade é mais um traço de
caráter do que de falta de atendimento de um desejo. O casal pode usufruir um
com o outro, sem cair no desvio moral que é a busca pelo prazer a qualquer
preço”, alertou. Segundo ele, se em algum momento a relação visa à obtenção
narcisista e individualista exclusiva do próprio prazer, foge aos princípios
determinados por Deus.
CHEIRO
No
jogo da sedução, os sentidos desempenham papel importante. Mas é o olfato o que
mais instiga a curiosidade e aguça a imaginação da espécie humana. Tanto que há
uma discussão sobre o poder do feromônio (substância química exalada pela fêmea
para atrair o macho) e o enigma de sua existência e função na espécie humana.
Entretanto, a dúvida permanente, Os cientistas, porém, não discutem a existência do feromônio em mariposas, elefantes asiáticos e camundongos, que exercem um papel tão fundamental quanto surpeendente no acasalamento, Feromônio vem das palavras gregas “phero” – que significa “transportar” – e hormônio, combinadas.
Para a psicoterapeuta Carmem Lúcia Janssen, o sucesso das relações amorosas está muito mais ligado ao resgate da auto-estima, à predisposição em se abrir ao outro e à percepção que a pessoa tem de si mesma do que aos feromônios ou de qualquer outra espécie de afrodisíaco. “A auto-estima é a base de tudo. Para eu ser atraente, preciso me sentir atraente”, atestou. “Não há nada de errado em usarmos oso odores como ferramentas de sedução. Mas se quisermos aumentar nosso poder de sedução, precisamos trabalhar duro no resgate de nossa auto-estima.”
Entretanto, a dúvida permanente, Os cientistas, porém, não discutem a existência do feromônio em mariposas, elefantes asiáticos e camundongos, que exercem um papel tão fundamental quanto surpeendente no acasalamento, Feromônio vem das palavras gregas “phero” – que significa “transportar” – e hormônio, combinadas.
Para a psicoterapeuta Carmem Lúcia Janssen, o sucesso das relações amorosas está muito mais ligado ao resgate da auto-estima, à predisposição em se abrir ao outro e à percepção que a pessoa tem de si mesma do que aos feromônios ou de qualquer outra espécie de afrodisíaco. “A auto-estima é a base de tudo. Para eu ser atraente, preciso me sentir atraente”, atestou. “Não há nada de errado em usarmos oso odores como ferramentas de sedução. Mas se quisermos aumentar nosso poder de sedução, precisamos trabalhar duro no resgate de nossa auto-estima.”
SEXSHOPS
E
quanto às lojas especializadas em produtos eróticos que atraem pessoas em busca
de mais prazer, as intrigantes “sexshops”?
A
visita a esses estabelecimentos costuma ser vista como natural pela maior parte
das pessoas, mas, para os evangélicos, a atitude pode ser um ponto de conflito.
Sais de banho e óleos afrodisíacos, vibradores, cintas de couro masculinas e
femininas, massageadores, elementos de sadomasoquismo e fantasias, alongadores
penianos, próteses, roupas íntimas comestíveis para homem e mulheres, géis,
pomadas, “lingeries” e toda sorte de produtos estimulantes para uma relação
sexual são encontrados em “sexshops”, que já têm suas versões na internet e até
por catálogo de porta em porta, estilo Avon. Com preços que estão longe de
serem prazerosos, elas aguçam a curiosidade de muitos. É o caso de Paula Moura
(nome fictício). Ela e o marido são evangélicos e não vêem qualquer tipo de
problema em freqüentar uma dessas lojas. “Não gosto de produtos de
sadomasoquismo ou fantasias, mas há coisas interessantes”, admitiu. Na opinião
do psicólog e pastor batista Silas de Freitas, a curiosidade pode ser o início
de um hábito. “A curiosidade pode levar o indivíduo a ceder à vontade de
experimentar artifícios que não podem melhorar o relacionamento”, disse. Para
ele, é o ajustamento na relação conjugal que torna o sexo mais prazeroso. “Eu
tenho mais de 30 anos de casado, e meu envolvimento é tão bom quanto antes.
Talvez melhor”, acrescentou. Ele crê que, quando tudo está ajustado, o casal
cria mecanismos excitantes.
Para
a bispa metodista Marisa Coutinho, a criatividade faz parte do relacionamento.
“Não vejo problemas no uso de óleos de massagem, por exemplo. Mas entendo que a
questão não é se o casal evangélico deve ir à “sexshop” ou não. Mas por que
razão quer ir”, argumentou. Ela entende que se a motivação for suprir uma
carência que o casal esteja enfrentando, talvez as novidades possam até
atrapalhar.
Silas
de Freitas ainda diz que o ato sexual por si mesmo não satisfaz mais, precisa
de novidades, de elementos inusitados para valer-se. Tudo isso também tem muito
a ver com o tipo de vida imediatista que as pessoas têm levado. Em vez de
investir no relacionamento dia após dia e aprender sobre o outro, sobre o que
lhe dá prazer, o indivíduo prefere alternativas que lhe permitam pular essas
etapas.
Nessa
perspectiva de recriar momentos de prazer a dois, o lugar certo para fazer amor
também é questionado. É pecado o casal casado e evangélico ir ao motel? O
assunto gera discussões diversas. Para alguns, o ambiente é considerado casa de
prostituição e carregado de maus espíritos.
Outros, no entanto, não vêem problema algum. Aproveitam as datas especiais, como aniversário de casamento, para sair da rotina e “aquecer” a relação. A palavra “motel” surgiu nos Estados Unidos, no início da década de 1930, como hotéis de beira de estrada para descanso de viajantes e caminhoneiros e das palavras “Motor Hotels” surgiu “motel”. Eram pequenos espaços que englobavam algumas vantagens como lugar para o carro, água, lenha, casas de banho, chuveiros, lavanderia e preços baixos. Qualquer pequena comunidade oferecia um serviço desses.
Outros, no entanto, não vêem problema algum. Aproveitam as datas especiais, como aniversário de casamento, para sair da rotina e “aquecer” a relação. A palavra “motel” surgiu nos Estados Unidos, no início da década de 1930, como hotéis de beira de estrada para descanso de viajantes e caminhoneiros e das palavras “Motor Hotels” surgiu “motel”. Eram pequenos espaços que englobavam algumas vantagens como lugar para o carro, água, lenha, casas de banho, chuveiros, lavanderia e preços baixos. Qualquer pequena comunidade oferecia um serviço desses.
Com
relação ao motel, o pastor da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, lembra a
questão do escândalo, pois tudo é lícito, mas nem tudo convém.
No
Brasil, a idéia apareceu no final da década de 60 com uma conotação romântica
explícita nas fachadas, além dos espaços e decoração dos interiores. O pastor
Edson Alves não chega ao radicalismo de tachar o motel como ambiente maligno ou
local de pecado, mas aconselha que, numa data especial, os casais evangélicos
procurem um hotel. Ele acha que o motel não é um local apropriado devido à
rotatividade. Mas por ser mais barato, a freqüência é bem maior. “Eu questiono
a higiene desses locais”, observou ele. E é a alta rotatividade que faz com que
muitos evangélicos considerem o motel um lugar “sujo”. Para esse problema,
Doraci e Martinho Santos, da Assembléia de Deus, casados há 28 anos, têm uma
solução. Apesar de ainda não terem experimentado momentos a dois num motel,
eles não vêem problema algum. A única preocupação seria com a questão da
higiene, e Doraci revela que levaria de casa suas roupas de cama e banho, sem
problema. O casal sempre procura comemorar as datas especiais em lugares onde
possam ficar a sós.
Em
determinados momentos, a privacidade é fundamental, e, além da economia, o
motel proporciona essa possibilidade de ficarem sozinhos por algumas horas.
Líder do Ministério Lar Cristão, o pastor Jaime Kemp aponta alguns motivos para
aconselhar um cristão a não ir ao motel. Primeiramente, para nunca colocar
dúvidas sobre a integridade do casal. Ele acha também que não se deve sustentar
moral e financeiramente uma instituição que está contra a família. “O motel,
infelizmente, é um princípio de infidelidade.” Outro motivo é a tentação. De
acordo com o pastor, se o casal cristão está no motel e se vê tentado a
assistir filmes onde outros casais mantêm relações sexuais, isso pode ser
prejudicial para o casamento.
A
polêmica divide mesmo opiniões. Alguns pastores afirmam não ter base bíblica
para condenar um casal que queira ter seus momentos de prazer num motel. Pastor
da Assembléia de Deus, Silas Malafaia chama a atenção, porém, para a questão do
escândalo.
Ele
lembra que tudo é lícito, mas nem tudo convém. “Ter relações sexuais com minha
mulher não é pecado em lugar nenhum”, justificou. Silas Malafaia pensa que o
casal deve tomar alguns cuidados, mas que, em momento algum, pode considerar
que o ato de ir ao motel é pecado. O casal Waldivia e
Para
o pastor Jaime Kemp, se o casal cristão está no motel e se vê tentado a
assistir filmes onde outros casais mantêm relações sexuais, isso pode ser
prejudicial para o casamento
Existem,
porém, aqueles que procuram o motel por outros motivos. Os que desejam
desfrutar de certas “comodidades” que não possuem em casa a um custo
relativamente baixo, como banheiras de hidromassagem, saunas individuais, às
vezes, até uma piscina ou um teto solar para observar as estrelas da cama. Para
Grzylowski, esses casais crêem que tais detalhes podem incrementar a vida
sexual e o romantismo.
Ele
ressalta que muitos líderes de igrejas estão “coando o mosquito e engolindo o
camelo”, isto é, estabelecendo regras e normas sobre locais e formas da relação
sexual e esquecendo o mais profundo: a motivação que leva os casais ao ato
sexual. “Para mim, um casal que tenha uma relação sexual em casa, no quarto, a
portas fechadas e na posição mais convencional possível, porém sem ternura,
buscando só o orgasmo e até, às vezes, forçando o cônjuge a uma relação num
momento indesejável, esse já quebrou o princípio básico de amar ao próximo,
mandamento máximo do Evangelho (Mateus 22:39), colocado por Jesus em pé de
igualdade ao amor a Deus”, destacou.
Quanto
à questão da maldição do local, o psicólogo é enfático: “Quem traz bênção ou
maldição para os lugares são as pessoas que os freqüentam com suas intenções.
Se eu creio que o Espírito Santo habita em mim, então em todo local que eu for
ele estará presente e só esse fato já tornará o local abençoado pela presença do
Espírito Santo em e através de mim”, assegurou. A sexóloga Sandra Lucena revela
que muitos casais nunca fizeram sexo em outro local que não seja a própria cama
ou tentaram posições e toques diferentes, temendo pecar. “São casais marcados
pelo silêncio, pela falta de diálogo e cuidado com o outro”, garantiu. Segundo
ela, com essas situações, existem leitos maculados em lares cristãos que
parecem não conhecer a graça, o perdão, o cuidado e o amor de Deus.
Ela
diz que a medida do sexo saudável, e isso inclui as fantasias sexuais, está na
visão que se tem de Deus, da intimidade com ele, no compromisso e conhecimento
da sua vontade. “Somente os que buscam um caráter cristão encontram respostas e
paz nas questões sexuais”, definiu a sexóloga.
A
vida conjugal continua sendo motivo de muitas discussões, debates e dúvidas. E
deverá continuar assim, já que a relação sexual de um casal é algo que se
aperfeiçoa dia-a-dia. O êxito está intimamente ligado à capacidade de se expor
e de dialogar, em amor. Trocas e carinhos ajudam no conhecimento um do outro,
permitindo o encontro de soluções e caminhos para uma sexualidade sadia.
NÚMEROS
DO PRAZER
Fonte: Instituto Paulista de Sexualidade.
Ø 35%
das mulheres sentem desejo, têm capacidade de se excitar, mas não atingem o
orgasmo.
Ø
25% das mulheres não sentem desejo.
Ø
35,5% das mulheres têm outros problemas sexuais:
aversão sexual, dores na penetração, vaginismo, impulso sexual excessivo,
homossexualidade não-resolvida.
Ø
50% das mulheres que chegam ao orgasmo se excitam
com a penetração. A outra metade se excita apenas se houver estimulação do
clitóris.
Fonte:
Revista Enfoque Gospel EDIÇÃO
86
Virgínia Rodrigues // Obr. Alexandre
Fernandes, Articulista do Gospel Prime * As opiniões expressas nos
textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores
e não refletem, necessariamente, a opinião do Gospel Prime.
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Por
Dc.
Geazi Santos
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