A morte é um fenômeno que se abate sobre a pessoa de qualquer sexo,
classe social ou idade. A morte vem! Você já pensou nisso hoje? Não
queremos usar de terror psicológico ao abordar esse tema, mas é
importante, num mundo materialista onde vivemos, ao menos uma vez,
darmo-nos conta de que a qualquer momento teremos de enfrentar esse
inevitável fenômeno. Pode ser hoje, amanhã ou daqui alguns anos. Não
importa; a “dama enigmática” nos cercará e, fisicamente, nos consumirá.
Então, onde estará a nossa esperança? Como nos comportaremos frente à
iminência dessa suprema realidade? Eis alguns dos questionamentos acerca
desse tema.
“Enfrentando a Dor
Os braços de Jesus na Cruz — abertos e estendidos
para alcançar a todos — oferecem uma alternativa para nossas rotas de
escape e para nossos mecanismos de anulação da dor. Eles nos acenam para
que abracemos o sofrimento, a fim de que não fujamos dele; para que
aceitemos e suportemos ativamente a angústia, em vez de evitá-la. Jesus
era ‘homem de dores, experimentado nos trabalhos’ (Is 53.3). Nós também
devemos, para caminhar na vereda da cura, querer engajar a dor e o
sofrimento em nossa vida.
[...] O mesmo é verdade na cura das feridas humanas:
enfrentar a dor é o caminho da cura. Em vez de recuar, devemos
arremeter em direção à dor e, depois, através dela. Será que estamos
desejosos de fazer isso em relação as nossas feridas? Embarcar em uma
jornada em direção aos nossos locais obscuros? Abraçar nossas dores?
Engajar o sofrimento em nossa vida?
[...] O que envolve abraçar a dor? O que isso pode
acarretar em nossa vida? Depende muito da natureza e da profundidade da
dor” (SEAMANDS, S. Feridas que Curam: Levando Nossos Sofrimentos à Cruz. 1.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.122-24).
Numa sociedade materialista, evita-se falar sobre assuntos negativos. No
entanto, a morte é um fenômeno real que se abate sobre os seres humanos
de todas as idades, classes sociais e religiões. Afinal de contas, quem
pensa em morrer? Há alguma virtude na morte? Nos dias atuais, o
desespero vem tomando conta das pessoas, até mesmo das que professam a
fé cristã. É uma pena que alguns púlpitos não estejam preocupados em
preparar as suas ovelhas, através das Sagradas Escrituras, para
enfrentar essa realidade que pode chegar a qualquer família, sem
avisá-la ou pedir-lhe licença. Por isso, nessa lição, demonstraremos que
Deus se preocupa com a fragilidade e vicissitude humanas,
principalmente quando se trata de um tema tão laborioso e delicado.
1. Conceito. Não é tarefa fácil definir a
morte. Como fenômeno natural, ela é discutida na ciência, na religião e
faz parte de debates cotidianos, pois atinge a todos (Sl 89.48; Ec 8.8).
Anteriormente definida como parada cardíaca e respiratória, o consenso
médico atual a define como cessamento clínico, cerebral ou cardíaco
irreversível do corpo humano. No entanto, a definição mais popular do
fenômeno é a “interrupção da atividade elétrica no cérebro como um
todo”. A constatação de que a pessoa entrou em óbito é o ponto de
partida para a permissão, ou não, pela família, de doar órgãos.
2. O que as Escrituras dizem? “O salário do
pecado é a morte” (Rm 6.23). Deus não criou o homem e a mulher para
morrer. O Senhor não planejou tal realidade para o ser humano. Mas,
conforme descrito em Romanos 6.23, a morte é consequência da queda (Gn
3.1-24). O pecado roubou, em parte, a vida eterna da humanidade. Assim, a
Bíblia demonstra que a morte é a consequência inevitável do pecado, e
realça esse fato como a separação entre “alma” e “corpo” (Gn 35.18).
3. É a separação da alma do corpo. A base
bíblica para esse entendimento está em Gênesis 35.18, quando da morte de
Raquel: “E aconteceu que, saindo-se lhe a alma (porque morreu)”. Tiago,
o irmão do Senhor, corrobora esse pensamento quando ensina: “Porque,
assim como o corpo sem o espírito [alma] está morto, assim também a fé
sem obras é morta” (2.26). Teologicamente e, segundo as Escrituras,
podemos afirmar que a separação da “alma” do “corpo” estabelece o
fenômeno natural e também espiritual que denominamos morte. Mas, o que
acontece com a alma após a separação do corpo? Há vida após a morte? São
indagações que podemos fazer.
1. O que diz o Antigo Testamento. “Morrendo o
homem, porventura, tornará a viver?” (Jó 14.14a). Essa é uma pergunta
de interesse perene para todos os seres humanos. Indagações como: “Há
vida após a morte?”, “Existe consciência noutra vida?” são questões
existenciais não muito resolvidas até mesmo para alguns teólogos.
Entretanto, as Escrituras têm as respostas a essas perguntas.
a) Sheol. Em Salmos 16.10 e 49.14,15, o termo hebraico é “sheol”.
Essa palavra aparece ao longo de todo o Antigo Testamento. É traduzido
por “inferno” e “sepultura”. Tais expressões denotam a ideia de
imortalidade da alma e a esperança de se estar diante de Deus após a
experiência da morte. Tal expectativa representa o âmago das expressões
do salmista.
b) A esperança da ressurreição. O patriarca
Jó, após muito padecer, expressou-se confiantemente: “E depois que o meu
corpo estiver destruído e sem carne, verei a Deus” (19.26 cf.
vv.23-25,27). O salmista expressou-se a esse respeito da seguinte forma:
“Quanto a mim, feita a justiça, verei a tua face; quando despertar,
ficarei satisfeito ao ver a tua semelhança” (17.15 cf. 16.9-11). Os
profetas Isaías e Daniel expõem a esperança da ressurreição como um
encontro irreversível com Deus (Is 26.19; Dn 12.2). Esses textos realçam
a doutrina da esperança na ressurreição do corpo em glória e denotam,
inclusive, a alegria do crente em se encontrar com o seu Deus após a
morte. Logo, podemos afirmar categoricamente que o Antigo Testamento,
respalda, inclusive com riqueza de detalhes, que há vida e consciência
após a morte.
2. O que diz o Novo Testamento. A base
bíblica neotestamentária da existência de vida consciente após a morte e
a imortalidade da alma está fundamentada exatamente na pessoa de Jesus
de Nazaré. Ele foi quem trouxe luz, vida e imortalidade ao homem que
crê. As evidências são abundantes (Mt 10.28, Lc 23.43, Jo 11.25,26;
14.3; 2 Co 5.1). Essas porções bíblicas ensinam claramente a
sobrevivência da alma humana fora do corpo, seja a do crente ou a do não
crente, após a morte. Não obstante, a redenção do corpo e a alegre
comunhão eterna com Deus são resultados da plena e bem-aventurada
ressurreição e transformação do corpo corruptível em incorruptível (1 Co
15.1-58; 1 Ts 4.16; Fp 3.21).
Definitivamente, e segundo as Escrituras, o dom da
vida para os cristãos não é uma existência finita, mas uma linda
história de comunhão com o Deus eterno. Foi Ele quem implantou em nós,
através de Cristo Jesus, nosso Senhor, a sua graça salvadora enquanto
estivermos em nossa peregrinação terrena.
1. Esperança, apesar do luto. É natural que a
experiência da separação de um ente querido traga dor, angústia,
tristeza e saudade. O luto chega de forma inesperada na vida de qualquer
pessoa. Mas a promessa do Mestre de Nazaré ainda sobrepõe-se a qualquer
vicissitude existencial: “[...] quem crê em mim, ainda que esteja
morto, viverá” (Jo 11.25).
2. A morte de Cristo e a certeza da vida eterna.
O Pai entregou seu Filho em favor da humanidade, e assim o fez
simplesmente por amor (Jo 3.16). Esse ato amoroso proporcionou a
possibilidade de escaparmos do juízo divino pelo sangue precioso
derramado por Cristo Jesus. Isso leva-nos a refletir que sem a morte de
Jesus não haveria ressurreição. Logo, não haveria pregação do Evangelho
nem salvação. O apóstolo Paulo tinha a convicção de que a Cruz de Cristo
é o âmago do Evangelho (1 Co 1.17), do novo nascimento e da vida
eterna. Hoje só amamos o Senhor porque Ele nos amou primeiro (1 Jo
4.19). Por isso, pela sua morte, e morte de cruz temos, nEle, a vida
eterna.
3. A morte: o desfrutar da vida eterna. O
fenômeno da morte é para o crente a prova da fé vigorosa revelada em sua
vida terrena. Essa fé manifesta-se numa consciência de vitória apesar
de a morte mostrar-se como uma aparente derrota. O apóstolo Pedro lembra
dessa fé quando exorta-nos: “[...] alegrai-vos no fato de serdes
participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da
sua glória vos regozijeis e alegreis” (1 Pe 4.13).
Para o crente a morte não é o fim, mas o início de
uma extraordinária e plena vida com Cristo. É a certeza de que o seu
“aguilhão” foi retirado de uma vez por todas, selando o passaporte
oficial para a vida eterna em Jesus (1 Co 15.55; Os 13.14). Um dia nosso
corpo será plenamente arrebatado do poder da morte (Rm 8.11; 1 Ts
4.16,17)!
Precisamos ter consciência de que a nossa vida é
semelhante à flor da erva. Ela se esvai rapidamente. Todavia, tenhamos
em mente que o “viver é Cristo e o morrer é lucro”. Portanto, não se
prenda às questões passageiras e efêmeras. Na peregrinação existencial,
preencha sua mente com o Evangelho. Assim, ao final de sua vida poderá
jubiloso, entoar o que o apóstolo Paulo declarou no final da sua
carreira: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os
que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.7,8). Em Cristo, tenha paz e esperança,
porque Ele é a ressurreição e a vida.
Por
Dc Geazi Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário