Porque destacamos as muitas vezes em que as Escrituras falam nas
bênçãos de ofertar, na obrigação de contribuir, na alegria da dádiva,
esquecemos que pelo exemplo elas também ensinam a rejeitar ofertas. Nem toda
oferta é bem-vinda.
Corremos
o risco de nos tornarmos tão ávidos por donativos que topamos tudo por
dinheiro. Passamos a aceitar tudo sem princípios, como se qualquer relação
doador-receptor fosse imediatamente aprovado por Deus.
Na
Bíblia, porém, houve vezes nas quais a rejeição do que foi oferecido e não sua
aceitação estava marcado pela bênção do Senhor. Estes homens que recusaram o
que lhes foi oferecido estavam verdadeiramente honrando a Deus.
Abraão
E o rei de Sodoma
disse a Abrão: Dá-me a mim as almas e a fazenda toma para ti. Abrão, porém, disse
ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o Possuidor
dos céus e da terra, e juro que, desde um fio até à correia dum sapato, não
tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a
Abrão; (Gênesis 14.21-24)
Abrão esperava na
promessa de Deus (Gn 12.2) e não na ação humana para prosperar. Seria muito
fácil trazer para sua vida objetos cuja origem era duvidosa, tanto no sentido
de ser fruto de roubo quanto de ser consagrado a deuses estranhos. Ele sabia esperar
em Deus e não se decepcionou.
Balaão
Então, Balaão
respondeu e disse aos servos de Balaque: Ainda que Balaque me desse a sua casa
cheia de prata e de ouro, eu não poderia traspassar o mandado do SENHOR, meu
Deus, para fazer coisa pequena ou grande; (Números 22.18)
Infelizmente Balaão
não perseverou em sua recusa. Foi cedendo aos poucos até que ajudou Balaque em
seus propósitos. O Novo Testamento destacaria o triste caminho de Balaão (2
Pedro 2.15; Judas 11; Apocalipse 2.14).
Davi
Tudo isso deu
Araúna ao rei; disse mais Araúna ao rei: O SENHOR, teu Deus, tome prazer em ti.
Porém o rei disse a Araúna: Não, porém por certo preço to comprarei, porque não
oferecerei ao SENHOR, meu Deus, holocaustos que me não custem nada (2 Samuel
24.23, 24)
Nem toda facilidade
vem de Deus. Chegamos aonde chegamos pagando muitas vezes um grande preço. A
prosperidade pode nos tornar negligentes em avaliar o que Deus quer de nós e
fazer com que recebamos sem critério o que deveria ser recusado com firmeza.
Eliseu
Então, voltou ao
homem de Deus, ele e toda a sua comitiva, e veio, e pôs-se diante dele, e
disse: Eis que tenho conhecido que em toda a terra não há Deus, senão em
Israel; agora, pois, te peço que tomes uma bênção do teu servo. Porém ele
disse: Vive o SENHOR, em cuja presença estou, que a não tomarei. E instou com
ele para que a tomasse, mas ele recusou. (2 Reis 5.15, 16)
Há uma grande
tentação no sentido de achar que as vitórias de nosso ministério devem ser
sempre recompensadas financeiramente. Deus nos guarde do dinheiro se tornar a
razão de ser do nosso trabalho. Geazi, servo de Eliseu, mentiu para receber
aquela oferta e pagou um preço muito caro por isso.
Daniel
Eu, porém, tenho
ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solver dúvidas; agora, se
puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido
de púrpura, e terás cadeia de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro
dominador. Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: As tuas dádivas
fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a
escritura e lhe farei saber a interpretação. (Daniel 5.16, 17)
Altas posições
podem ser oferecidas, mas nem sempre precisamos aceitá-las. Envolver-se em
alianças que nos conduzirão a uma situação de corrupção e rebeldia não é uma
forma de honrar a Deus. Ele pode usar nossa vida como bem entender sem que por
isso haja obrigação de sermos recompensados pelos propósitos humanos.
Simão
E Simão, vendo que
pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem
eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro
seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por
dinheiro. (Atos 8.18,19)
Mais tarde essa
prática deu origem ao que na história da Igreja ficou conhecida como “simonia”,
a venda de posições eclesiástica. Nem sempre isso é feito abertamente. A
intenção do ofertante importa para Deus. Então tem que importar para nós.
Assim como Deus não
recebe qualquer oferta, também não deveríamos receber. Aceitar o que Deus
aceita e rejeitar o que Ele rejeita faz parte de nosso discipulado, do nosso
andar com o Senhor. Se Ele não quer, também não quero, por melhor e mais
valiosa que seja a oferta.
O evangelista
Heinhard Bonnke conta em seu livro Evangelismo por fogo que
uma senhora, dona de minas de diamantes se ofereceu para sustentar seu
ministério. Ele respondeu que oraria para pedir permissão de Deus. Foi
advertido em sonhos que não o fizesse e mais tarde pode ver o livramento
concedido pelo Senhor.
Sim, é um erro
recusar o que Deus nos oferece através de alguém. E é igualmente um erro
aceitar o que Deus recusa. Precisamos temer e andar com Ele.
Por
Dc. Geazi Santos
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