Foi no dia 27.05.1953 que, no sítio
Sabugi, município de Caicó (RN), precisamente às 9 horas, numa quarta feira,
nasceu o filho caçula do casal José Basílio e Maria Fernandes. Foi numa casa
simples, de taipa, que, pelas mãos de uma parteira nascia, então, aquele que
viria a ser chamado de Martim Alves da Silva.
Filho de uma família pobre,
desprovida de recursos financeiros e econômicos, foi criado juntamente com seus
dois irmãos Manoel Basílio e Maria Odete naquela localidade, onde as frutas que
conheciam eram juá, melancia e trapiá. A água consumida pela família era
retirada de uma cacimba, onde para colher pela manhã e à tarde era necessário
retirar os sapos que estavam dentro dela. Sem qualquer tratamento, portanto. E,
assim, permaneceu no sítio onde nasceu até os cinco anos, quando, no ano de
1958, sua mãe desiludida da situação em que vivia, resolveu ir morar na cidade.
Foi numa tarde quente de outubro daquele ano, às 14 horas que ela, juntamente
com seu filho mais velho – Manoel Basílio – partiram para Caicó/RN à busca de
melhores condições de sobrevivência. Uma semana depois voltou para levar os
demais filhos, indo morar na casa de uma cunhada. Dois meses depois se
transferiu para uma casa de três cômodos onde, mesmo apertada, era menos ruim
do que a morada no velho sítio onde nasceu...
Em 1959 sua avó, mãe de sua mãe,
conhecida por “mãe Tereza” foi morar com a família. Por ser o menor da casa,
com apenas seis anos de idade, logo recebeu toda a atenção da mãe Tereza, por
quem sempre nutriu grande carinho e atenção. Para ela seus dois irmãos eram
ruins, no bom sentido, porém o pequeno Martim sempre “estava ficando ruim” –
nunca ficou ruim para ela, isso até à sua morte. Tudo transcorria bem em sua
casa, apesar das dificuldades por que sempre passava, mas a situação agravou-se
ainda mais quando, em março de 1960, sua mãe foi acometida de uma tuberculose,
o que a levou a ausentar-se de casa por três meses – período que passou se
tratando na cidade do Natal/RN. Nessa época não era fácil para a família, três
filhos pequenos, o mais velho com apenas dez anos de idade e, graças à ajuda de
sua avó, é que puderam atravessar aqueles longos noventa dias sem a dona de
casa para cuidar dos filhos e da casa. Mas tudo estava nos planos do soberano,
o Deus todo poderoso.
1960 também foi um ano que marcou a
vida do pequeno Martim Alves, pois nesse ano, já da idade de oito anos, é que
começou a estudar. Já um pouco tarde, porém, sua mãe desejando ver seu filhos
bem encaminhados na vida, procurou uma vaga no Grupo Escolar Vilagran Cabrita e
ali matriculou o pequeno Martim, onde já estudavam seus dois irmãos. Assim,
concluiu o curso primário naquele educandário – mantido pelo Exército brasileiro
– onde havia merenda para os alunos, bem como lhe era fornecido fardamento e
todo o material escolar. Providência de Deus, porque se fosse em outra escola
não poderia estudar, por absoluta falta de condições materiais.
Veio o ano de 1961 e sua mãe, ouvindo
a pregação do evangelho através do pastor Raimundo Santana, converteu-se a
Cristo, sendo a segunda ovelha daquela que viria a ser a Assembléia de Deus da
cidade de Caicó/RN. A partir daquele época, como acontece com todo crente, não
tardou a surgir os problemas, os fardos que todos nós carregamos. E o de sua
mãe não foi diferente, pois teve que enfrentar a separação conjugal, quando seu
pai resolveu deixar a sua mãe. Não foi fácil enfrentar a nova situação. Para
sobreviver, a irmã Maria Fernandes teve que ir lavar roupa para poder sustentar
os três filhos pequenos, contando com a ajuda da “mãe Tereza”, que fazia renda
e vendia para complementar o orçamento familiar. Foi realmente um período muito
negro na vida da família, mas Deus, que não desampara e nem se esquece dos
seus, concedeu vitória e a irmã Maria Fernandes permaneceu com sua fé
inabalável em seu Salvador. Foram muitas as lutas, grandes provações,
atravessando muitas necessidades e apertos, porém a família sobreviveu pelo
amor e misericórdia de Deus.
Quando tinha apenas doze anos de
idade, mais precisamente no ano de 1965, viu-se na obrigação de ir trabalhar
como “cassaco” para ajudar a sua mãe, avó e irmãos. Passou três meses
trabalhando em recuperações de estradas, longe de casa, dormindo a céu aberto,
a fim de ajudar a família. Mas, graças a Deus, como filho pobre, não precisou tornar-se
mendigo e nem tornar-se em “menino de rua”. Foi trabalhar, apesar da pouca
idade. Mas Deus já o acompanhava, já lhe guardava, através das orações de sua
mãe – crente fiel a Deus e dedicada à Igreja, cujos trabalhos não faltava. Mas
como a Palavra de Deus nos diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria
virá pela manhã, com o pequeno Martim Alves se cumpriu esta palavra. E aos
quatorze anos, na noite do dia 25.08.67, ainda em sua adolescência, recebeu o
maior presente em sua vida, que todo o ser humano precisa ter – aceitou o
Senhor Jesus como seu legítimo Salvador. Realizando, assim, o sonho de sua mãe,
que esperava ver todos os seus três filhos servindo a Deus como ela já O servia
há vários anos. Na verdade sua irmã Maria Odete sempre acompanhou sua mãe nos
trabalhos da igreja, enquanto que seu irmão Manoel Basílio havia se convertido
quatro dias antes dele.
Foi a partir de sua nova vida em
Cristo, que o adolescente Martim Alves começou a contemplar a mudança em sua
vida e de sua família. Seu pai, que havia abandonado a família há mais de seis
anos, retornou para casa no final do ano de 1967. Ainda não era crente, porém
não reprovava a fé dos filhos. Ainda cedo, novo convertido, o jovem Martim
Alves começou a pregar o evangelho. Logo alguns irmãos já diziam que aquele
menino seria um futuro pastor. A irmã Maria dos Anjos, de saudosa memória, já o
chamava de pastorzinho, o que era motivo de prazer para a sua mãe. Antes de
completar um mês de crente, precisamente na noite do dia 22.09.67, o jovem
Martim Alves foi batizado com o Espírito Sato, recebendo, assim, o selo da
promessa, oportunidade em que Deus já o estava preparando para o serviço que
havia preparado para ele.
Os anos se passaram e, em 1971, o
jovem Martim Alves foi servir ao exército brasileiro, como soldado, em sua
cidade natal. No ano de 1973 foi transferido para a cidade de São Gabriel da
Cachoeira, no interior do Amazonas. Lá, ele abriu um trabalho da Assembléia de
Deus, que logo cresceu, abençoado, e partiu então para construir um templo para
abrigar o povo de Deus. Ainda solteiro, foi consagrado a presbítero pelo
ministério de Manaus (AM), o que lhe deu condições para ficar à frente da
igreja fundada por ele. Ali não só batizava os novos convertidos, como também
celebrava casamento dos membros da comunidade que dirigia. Na qualidade de
militar, tendo toda uma carreira à sua frente, prestou concurso para sargento,
tendo sido aprovado e destacado para fazer o curso, porém, como não era da
vontade do divino mestre, já que Deus o queria para a sua Obra, retardou a sua
chamada e, por isso, resolveu dar baixa e pediu desligamento da corporação,
após quase dois anos servindo ao exército na selva amazônica.
Retornando para a sua cidade, no
início do ano de 1975, dedicou-se de imediato ao evangelismo, cujo trabalho
logo foi reconhecido pela Assembléia de Deus de Natal e o então Pastor
Regional, João Batista da Silva, que já dorme no Senhor, resolveu consagrar o
jovem Martim Alves a Presbítero, mesmo sendo ainda solteiro, quando tinha
apenas 22 anos. Tornando-se o primeiro homem não casado a ser consagrado ao
ministério do Rio Grande do Norte. Foi então designado para pastorear a igreja
da cidade de Equador, interior do Estado, cuja tarefa não foi das mais fáceis.
Igreja pequena, com poucos membros, não dispondo de recursos, cuja renda mal
dava para custear as despesas com a água e a energia do templo. Recebia uma
ajuda financeira de Natal, porém só dava para pagar a despesa de hospedagem.
Quando o trabalho estava se desenvolvendo, sua mãe adoeceu. Isto nos meados do
ano de 1976, e por isso teve que prestar-lhe assistência, dividindo o seu tempo
entre o trabalho que dirigia e a atenção que ela requeria na cidade de Caicó.
Foi mais um período negro na trajetória de vida do jovem Martim Alves. De um lado
a preocupação com o trabalho do Senhor, e do outro o cuidado com o grave estado
de saúde de sua mãe, que veio a falecer no mês de maio de 1977.
Mesmo com a perda daquela que mais
amava, não baixou a cabeça. Pelo contrário, continuou firme na presença do
Senhor, sabendo que o Deus que conforta o abatido lhe daria forças suficientes
para suportar a dor da partida de sua querida mãe, bem como continuar
ajudando-lhe na caminhada desta vida. Prosseguiu a sua jornada, agora se
dedicando de tempo integral na Obra do Senhor, pastoreando o rebanho que Deus
lhe tinha confiado na cidade de Equador. Mas como foi difícil cumprir a missão,
sozinho, solitário, saudoso de sua mãe, que partira tão cedo, com apenas 49
anos. Tinha apenas, porém o bastante, o conforto e a presença de Deus em sua
vida. E foi, em meio a essa tumultuada vida, que Deus preparou alguém muito
importante para compartilhar, juntos, a vida a dois. E, como sua falecida mãe
já havia demonstrado, quando em vida, satisfação em vê-lo casar-se com uma
jovem que namorara antes, resolveu então o jovem pastor Martim Alves unir-se em
casamento com a recém-formada cirurgiã dentista, a irmã Maria de Fátima Araújo
da Silva, no dia 23.12.77.
Após o casamento ainda residiram na
cidade de Equador por cerca de dois anos, quando então o Senhor os chamava para
a cidade de Santana do Matos (RN), a fim de pastorear a Sua Igreja naquela
localidade. Lá chegando, logo se identificaram muito bem com os irmãos, e Deus
muito os abençoou no novo trabalho. A Igreja cresceu e Deus também fez crescer
a família do pastor Martim Alves, com o nascimento de sua primeira filha,
Catherine Morgana Araújo da Silva. Passados dois anos, veio a segunda e última
filha, a Fabrícia Araújo da Silva, a caçula da casa. No ano de 1984, atendendo
convite do pastor João Gomes da Silva, de saudosa memória, transferiu-se para
Mossoró/RN. Chegando em Mossoró, foi pastorear a igreja que está na Serra do
Mel, tendo posteriormente assumido outros trabalhos da igreja, como o cargo de
diretor do Colégio Evangélico, Coordenador da Campanha Evangelística Cristo
Vive, entre outras atribuições, inclusive a vice-presidência da Igreja de
Mossoró. Mesmo servindo com dedicação ao Senhor, o pastor Martim Alves procurou
também se preparar secularmente, passando a estudar e, no ano de 1988
graduou-se em Letras pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, bem
como em ciências jurídicas no ano de 1992. A nível espiritual também procurou
se preparar melhor, tendo concluído o curso de teologia, a fim de servir ao seu
Senhor com maiores conhecimentos e melhor preparo.
Em
maio do ano de 1993, com a saída do pastor João Gomes para Natal, o pastor
Martim Alves assumiu a presidência da Assembléia de Deus de Mossoró e Região
tendo permanecido a frente daquele trabalho por quase 19 anos, pela graça e
misericórdia de Deus.
No
dia 10 de março de 2012, com a jubilação do Pr. Raimundo João de Santana, Pr.
Martim assume os destinos da IEADERN – Igreja Evangélica Assembleia de Deus no
Rio Grande do Norte – onde tem trabalhado incansavelmente para o Senhor.
Esta
é, portanto, a história de um vencedor. Não por méritos próprios, mas pela
graça e misericórdia de Deus.
Fonte: https://ieadern.org.br/institucional/o-pastor-presidente/
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